MENÇÃO AO FOLCLORE BRASILEIRO

MENÇÃO AO FOLCLORE BRASILEIRO 

Sempre fui apologista
Do folclore brasileiro,
Principalmente do nordeste
Que deu Pinto do Monteiro,
João Martins de Ataíde
E Luiz Costa Pinheiro. 

Era Pinto do Monteiro
O campeão do repente,
O repentista do século
Orgulho da nossa gente,
João Ataíde também
Não foi muito diferente.

O poeta Luiz Pinheiro
Foi craque da Poesia,
Sua lira revelava
A mais doce fantasia,
Foi o porta voz da saudade
Com muita filosofia.

Lembro aqui Leandro Gomes
Como o rei dos trovadores,
É de saudosa memória
Como autor dos autores,
Por isto que bem merece
Uma coroa de flores.

Zé Camelo foi coautor
De Pavão misterioso,
Cordelista de talento
Foi um lendário famoso,
Zé Pacho teve a fama
Do poeta mais jocoso.

João Antônio Cavalcante,
De vulgo João Marinheiro,
Era meu saudoso pai.
Foi poeta e foi tropeiro,
Foi cordelista e lendário,
Até mesmo condoreiro.

Papai com a alma ferida,
Pela uma saudade suprema,
Escreveu “São João na Estrada”.
O mais tocante Poema...
Me orgulho Papai ter sido,
Um tropeiro da Borborema.

Convém lembrar Jensen Filho
Que em Monteiro nasceu.
Foi um dos grandes poetas
Que a Paraíba já deu,
Foi ele o mais comparado
Com Casimiro de Abreu.

O nordeste ainda deu
O poeta Gonzagão.
Foi poeta e sanfoneiro
Que decantou a nação,
Não decantou em cordel
Mas decantou no baião.

Ainda vou lembrar
Três poetas de primeira:
Veríssimo das espinharas
E Romano do Teixeira.
Dos três o mais talentoso
Foi Inácio da Catingueira.

Dezenas e mais dezenas
De poetas do nordeste,
Que há a muito já se foram
Para a morada celeste,
Contando a Deus o que fizeram,
Aqui na vida terrestre.

 ...

SOBRE O POEMA

O poema acima (folheto I) faz parte do exemplar Coletânea de Cordéis – Transpirando Reminiscência do poeta santanense Solon Bastos Cavalcante. A Obra, que consiste em cinco folhetos, foi lançada pelo autor, a 16 de janeiro de 2016, no Paço da Câmara Municipal de Santana dos Garrotes.  

Podemos perceber o grande potencial do poeta no episódio do livro, a seguir:

Tenho um passado de glórias
E de tormentos enfim,
Já experimentei de tudo
Desde o que é bom ao ruim.
Do passado eu vejo o vulto,
Imagens de um mundo oculto
Que tem por detrás de mim.

 Solon Bastos.

SOBRE O AUTOR

O poeta nasceu em 1932 no Sítio Tapera, município de Piancó, estado da Paraíba. Cresceu em Brotas, no mesmo município. Alfabetizado somente aos 14 anos. Ainda jovem migrou para Santana dos Garrotes, conheceu a Professora Eusary com quem contraiu núpcias em 1965. O casal formou uma prole feliz de três filhos, Jean, Genarte e Jailson.

Filho do casal Dona Ignácia Jovino e João Antônio Cavalcante, desde cedo trabalhou duro, era funileiro, agricultor, poeta popular, brincava de fazer poesia com os amigos. Todo ano escrevia o atestado de Judas na semana santa em Santana dos Garrotes.

Não demorou muito tempo, foi convidado para trabalhar na prefeitura de Santana por Renato Teotônio, primeiro prefeito da cidade. Foi fiscal geral, função que lhe fez ficar conhecido em todo o Vale do Piancó. Mais tarde o poeta teria conquistado a confiança de políticos locais e foi conduzido à prefeitura como candidato único a prefeito, o único de toda a história de Santana dos Garrotes. O poeta se tornara, então, o quarto prefeito da cidade.

Ao escrever em versos a história da construção da estrada de Piancó à Princesa em 1958, o poeta mostrava o seu domínio com a poesia. Foi sempre admirador de Castro Alves, o poeta dos escravos. Em seus discursos faz sempre alguma citação de seus versos e também de outras feras da literatura brasileira.

O livro Coletânea de Cordéis – Transpirando Reminiscência é o retrato da história de Santana dos Garrotes, testemunho da vida de Solon Bastos Cavalcante, um homem simples que não precisou ser doutor para crescer e servir a cidade que lhe recebeu de braços abertos e que lhe deu também o título de poeta e benfeitor dos destinos de muitos que ainda hoje habitam a essa terra.
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Informações advindas do prefácio do livro e adaptadas para a publicação.

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